sábado, 13 de setembro de 2014

Lendas e Motores - Ferrari 641





O Ferrari F1 90, também designado por 641, é um dos mais belos carros da Formula 1 jamais construídos. Claro que essa opinião é subjectiva.

O Ferrari 641 foi desenvolvido por Enrique Scalabroni mas este carro da Ferrari derivava do anterior modelo, o 640 de 1989, que tinha sido concebido por John Barnard, que entretanto tinha deixado a equipa de Maranelo em finais de 1989.
O Ferrari 641 estava dotado de uma caixa semi-automática de sete velocidades um tanque de combustível com maior capacidade. O motor era um 12 cilindros com 3.497 cc com uma potência na ordem dos 680 cavalos para um peso de 505 kg.

Para o ano de 1990, a Ferrari contratou o piloto francês Alain Prost que deixava a McLaren após 6 anos e onde tinha conquistado três Campeonatos do Mundo mas tendo vivido o último ano em grande tensão com o seu colega de equipa Ayrton Senna. Por outro lado, Gerhard Berger deixava a Ferrari e, fazendo o caminho inverso ao de Prost, assinava pela McLaren.


A Ferrari tinha em 1990 um excelente equipa de pilotos: o tri-campeão Alain Prost e Nigel Mansell, este apesar de não ser um campeão era um excelente piloto e com grandes aspirações de ainda vencer o título. Assim as esperanças da Ferrari voltar a vencer o campeonato de pilotos era enorme. O último piloto campeão pela Ferrari tinha sido Jody Scheckter em 1979.

O campeonato de 1990 iniciou com uma excelente corrida no GP dos EUA, na qual assistimos a um magnífico duelo entre Senna (McLaren) e o jovem piloto da Tyrrel, Jean Alesi. A vitória foi de Senna, mas nesse dia Jean Alesi começou a mostrar grandes qualidades que o levariam a ser contratado pela Ferrari no ano seguinte.

A primeira viória de Alain Prost na Ferrari aconteceu logo no GP seguinte, no Brasil. Depois da vitória de Patrese (Williams) em San Marino e das duas vitórias de Senna nos GP’s do Mónaco e do Canada, Alain Prost efectuou uma excelente recuperação no campeonato ao vencer os três GP’s seguintes: México, França e Grã-Bretanha.

Completada a primeira metade do campeonato Alain Prost liderava com mais 2 pontos sobre Ayrton Senna.
No GP da Grã-Bretanha, Nigel Mansell, agastado pelos resultados que vinha obtendo, anuncia que se afastaria no final do ano. Assim a Ferrari tratou de contratar Alesi para 1991. Uns GP’s mais tarde, Mansell reconsiderou a sua opinião e assinou pela Williams.



Após a primeira metade do Campeonato de 1990, o Ferrari 641 parece ter perdido um pouco a eficácia que anteriormente tinha mostrado, ou talvez a McLaren tenha evoluído ainda mais o seu carro. Mas na verdade o que aconteceu foi que a Ferrari só voltou a vencer mais dois GP’s: um por Alain Prost e outro por Nigel Mansell. A McLaren e Senna venceram três GP’s.
Nesta segunda metade do campeonato o duelo entre Senna e Prost elevou-se a uns níveis só comparados com os do ano anterior. Senna venceu na Almenha onde Prost foi apenas o quarto. Na Hungria a vitória foi para a Williams (Bousten) mas Senna fica em segundo enquanto Prost não termina. Com a vitória na Bélgica Senna ganha mais alguns pontos a Prost, que ficou em segundo lugar. O resultado seria o mesmo no GP de Itália: Senna primeiro e Prost segundo. Isto significou que nos quatro primeiros GP’s da segunda metade do campeonato, Senna ganhou sempre pontos a Prost e no GP seguinte, em Portugal, voltou a verificar-se a mesma situação. Embora desta vez Alain Prost tenha ficado irritado com o seu colega de equipa, Mansell, que venceu o GP português, foi acusado por Prost de o ter prejudicado ao não o ajudar na luta pelo campeonato, uma vez que ele já não tinha aspirações ao título.

No Gp da Espanha a Ferrari obtém a sua única dobradinha da época: Prost vence e Mansell fica sem segundo lugar. Finalmente Prost consegue recuperar alguns pontos a Senna. O brasileiro não pontuou e Prost ainda alimenta esperanças de conseguir vencer o campeonato. Faltavam apenas duas provas (Japão e Austrália) para o final da época.



Entre o GP da Espanha e do Japão, o piloto italiano Alessandro Nannini (Benetton) sofreu um grave acidente de helicóptero que lhe amputou o braço abaixo do cotovelo. Contudo foi possível, numa delicada operação que durou cerca de 10 horas, salvar o braço de Nannini. Mas as óbvias limitações do seu braço deixavam poucas esperanças de que Nannini voltasse à Formula 1. Efectivamente o seu regresso à Formula 1 não aconteceu mas a sua carreira desportiva continuou noutras categorias do desporto automóvel.
Tal como no ano passado, a decisão do título era entre os dois pilotos (Senna e Prost) mas agora as posições no campeonato estavam invertidas e encontravam-se em equipas diferentes: Senna, na McLaren, era o primeiro e Prost, na Ferrari, era o segundo. Prost tinha que vencer o GP do Japão para levar a decisão para a Austrália.

Muito já se escreveu sobre o que aconteceu no início do GP do Japão. Na verdade esperava-se muito, mas o que aconteceu acabou por marcar para sempre o Mundo da Formula 1. 

Senna fez a pole-position e reclamou que deveria partir do lado contrário, mas o lugar do pole-position estaria já determinado anteriormente e o seu protesto não foi aceite. Prost que largou da segunda posição ganhou a liderança a Senna e ao abordarem a primeira curva do circuito Senna colide com o francês da Ferrari e terminam aí as sua corridas e a luta pelo título. “Vingança” terão gritado os adeptos do francês acusando o brasileiro. Senna viria a revelar uns largos meses depois que tinha sido intencional mas que se tinha sentido injustiçado pela FIA na decisão do campeonato de 1989.

A vitória do GP do Japão foi para o brasileiro Nelson Piquet (Benetton) que já não vencia desde 1987. Piquet repetiu a vitória no GP da Autrália e terminou o ano na terceira posição. Senna sagrou-se campeão e Prost foi o vice-campeão. A McLaren venceu nos construtores e a Ferrari ficou na segunda posição.







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