sábado, 19 de março de 2016

Lendas e Motores - Mario Andretti



Mario Gabrielle Andretti (Motovun, 28 de Fevereiro de 1940) é uma das maiores lendas do automobilismo dos Estados Unidos, e um dos poucos pilotos americanos a obter sucesso também no exterior: foi Campeão Mundial de Fórmula 1 em 1978. Ele é um dos apenas dois pilotos a ganhar corridas na Fórmula 1, IndyCar, World Sportscar Championship e NASCAR ( o outro sendo Dan Gurney ). Ele também ganhou corridas em midget cars e sprint cars. Durante a sua carreira, Andretti ganhou o Campeonato de 1978 da Fórmula 1, 4 títulos da IndyCar (três sob a tutela da United States Auto Club - USAC e uma sob a tutela da CART) e IROC VI. Até hoje, ele continua a ser o único piloto a vencer as 500 milhas de Indianápolis ( Indianapolis 500 de 1969 ), Daytona 500 ( 1967 ) e o Campeonato Mundial de Fórmula 1 e, juntamente com Juan Pablo Montoya, o único piloto a vencer uma corrida na NASCAR Sprint Cup Series, Fórmula 1 e uma nas 500 milhas de Indianápolis. A última vitória americana na Fórmula 1 foi de Andretti no Grande Prémio da Holanda de 1978. Andretti teve 109 vitórias na carreira em circuitos oficiais.

Ele também foi um dos apenas três pilotos a ganhar corridas em circuitos mistos, circuitos ovais e pistas de terra em uma temporada, uma façanha que ele cumpriu quatro vezes. Com a sua vitória final da IndyCar em Abril de 1993, Andretti tornou-se o primeiro piloto a vencer corridas de IndyCar em quatro décadas diferentes e o primeiro a vencer corridas automóveis de qualquer tipo em cinco modalidades.

Na cultura popular americana, o seu nome tornou-se sinónimo de velocidade ( speed em inglês), similar ao Barney Oldfield no início do século XX e Stirling Moss do Reino Unido.


Primeiros passos

Mario e seu irmão gémeo Aldo nasceram na península da Ístria, que estava sob domínio italiano desde a Primeira Guerra Mundial. Foi anexada pela Jugoslávia após a Segunda Guerra Mundial e, como muitas outras famílias da região, a família de Mario Andretti exilou-se em 1948. Na cidade italiana de Ancona, Mario teve seu primeiro contacto com um carro de corridas: um Fórmula Júnior. A família viajou para os Estados Unidos em 1955. Conforme informação presente no The Official Andretti Family Website, foi então que Mario começou sua carreira automobilística - em 1959, aos 19 anos, Mario e seu irmão gémeo Aldo prepararam um carro de Stock Car e começaram a disputar corridas em um circuito oval amador de terra batida que ficava quase no quintal de casa, na cidade de Nazareth. Logo nas quatro primeiras provas, cada um dos gémeos obteve duas vitórias. Nos anos seguintes, ainda correndo em pistas de terra, Mario pilotou sprint cars e midgets.


Sucesso nos EUA

Em 1964, Mario naturalizou-se norte-americano, e no mesmo ano estreou-se no Campeonato da USAC, uma categoria precursora da Fórmula Indy. Em 1965 obteve a sua primeira vitória, no Hoosier Grand Prix, foi o terceiro colocado nas 500 Milhas de Indianápolis, e sagrou-se Campeão da categoria. No ano seguinte foi campeão outra vez. A primeira (e única) vitória na prova mais tradicional do automobilismo mundial veio em 1969, ano em que também conquistou o Tricampeonato.

O primeiro contacto de Andretti com a Fórmula 1 foi em 1965, quando conheceu Colin Chapman, dono da equipa Lotus, que estava a disputar as 500 Milhas de Indianápolis com o piloto escocês Jim Clark. O ítalo-americano revelou o seu interesse em disputar a categoria maior do automobilismo mundial e ouviu de Chapman: "quando estiver pronto, avise-me". Em 1968 Andretti considerou que estava pronto, e estreou-se na categoria fazendo a pole position para o Grande Prémio dos Estados Unidos em Watkins Glen.


Fórmula 1

Durante alguns anos, Andretti manteve sua carreira concentrada nos Estados Unidos e disputou corridas de Fórmula 1 apenas esporadicamente com as equipas March, Lotus e Ferrari. A sua primeira vitória aconteceu na estreia com a equipa italiana, no Grande Prémio da África do Sul de 1971. Só em 1975 Andretti finalmente disputou uma temporada inteira de Fórmula 1, pela equipa americana Parnelli - ainda assim, faltou a duas corridas. Em 1976, após a desistência da equipa americana de disputar a Fórmula 1, Andretti assinou contrato com a Lotus e participou do desenvolvimento dos Lotus 78 e 79, os carros-asa, que lhe deram o título de 1978 com seis vitórias. A vitória do campeonato, porém, foi parcialmente ofuscada pela morte do companheiro de equipa de Mario, Ronnie Peterson, no Grande Prémio da Itália.


Nos anos seguintes, Andretti não teve mais vitórias na Fórmula 1. Depois de dois anos de pouco desenvolvimento na Lotus, partiu para a equipa da Alfa Romeo em 1981 para mais uma temporada fracassada. Em 1982, disputou uma prova para a Williams depois de Carlos Reutemann abandonar a categoria abruptamente, e nas duas últimas provas do ano substituiu na Ferrari o francês Didier Pironi, seriamente ferido em um acidente nos treinos para o Grande Prémio da Alemanha. No GP da Itália, fez a pole-position e terminou em terceiro lugar.

Sem maiores esperanças na Fórmula 1, Andretti voltou suas atenções para o campeonato de Fórmula Indy a partir de 1982 e em 1984 foi campeão pela quarta vez na categoria.


Resistência

Desde a época dos circuitos de terra, Andretti adquiriu fama de ser rápido em qualquer categoria. Correndo com stock cars e sport-protótipos, venceu as 12 Horas de Sebring em 1967, 1970 e 1972, ano em que também venceu as 24 Horas de Daytona.

Andretti disputou as 24 Horas de Le Mans em quatro décadas diferentes. Em 1966 e 1967 pilotou o lendário Ford GT40 mas não terminou a prova em nenhuma das ocasiões. Em outras sete tentativas após estas, foi o terceiro colocado em 1983 e segundo em 1995. A última aparição de Andretti nas 24 Horas de Le Mans foi em 2000, ao volante de um Panoz LMP-1 Roadster-S.


500 Milhas de Indianápolis

Apesar da vitória em 1969, Mario sempre coleccionou decepções nas 500 Milhas de Indianápolis, prova que só conseguiu terminar cinco vezes. Em 1981, chegou a ser declarado vencedor após a desclassificação do primeiro colocado Bobby Unser por ultrapassagem sob bandeira amarela, mas a equipa Penske de Unser recorreu e, quatro meses depois, a desclassificação foi substituída por uma multa.

Em 1985 assumiu a liderança da prova quando o então líder Danny Sullivan rodou sozinho - mas, em manobra histórica, Sullivan conseguiu controlar o carro, trocou os pneus, e em poucas voltas retomou a liderança. Em 1992 Mario sofreu um grave acidente nas 500 Milhas que lhe quebrou os tornozelos.

Em 2003, fazendo um teste de pneus para a equipa de seu filho Michael durante os treinos para as 500 Milhas, aos 63 anos, Mario passou por cima de detritos do carro de Kenny Bräck, que acabara de bater, e isso fez o seu carro levantar voo a aproximadamente 360 km/h. O carro deu duas cambalhotas para trás e, por sorte, caiu com o assoalho no chão. Os ferimentos foram insignificantes, mas o susto foi enorme o suficiente para fazer Mario Andretti pendurar o capacete e se aposentar em definitivo como piloto.


Actualmente

Pioneiro de uma dinastia de pilotos, Mario hoje actua como um consultor na equipa Andretti Autosport, actual campeã da IndyCar, propriedade de seu filho Michael Andretti, que tem entre seus pilotos o seu neto, Marco Andretti. Também é vice-diretor de uma vinícola chamada "Andretti Winery" em Napa Valley, na Califórnia.



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