sábado, 12 de março de 2016

Lendas e Motores - Michele Alboreto



O início

Michele Alboreto nascido em Milão, a 23 de Dezembro de 1956, foi um piloto italiano de Fórmula 1.
Filho de uma família apaixonada por automobilismo, começou a frequentar Monza aos 12 anos. Além dos automóveis, a sua outra paixão era jogar futebol. "Desisti, mas continuo a correr: faço jogging e corro com meu Ferrari", brincava. Reservado e introspectivo, iniciou-se no automobilismo em 1977 ao volante de um Fórmula Monza da "Scuderia Salvati", cujo protótipo era equipado com um motor do Fiat 500 de dois cilindros. Alboreto aproveitou aquela oportunidade única e mostrou paixão ao conduzir aquele carro. No ano seguinte (1978), transferiu-se para a Fórmula Itália, categoria que contava com monolugares mais potentes.


Michele Alboreto, 1976

Depois de conquistar os títulos da Fórmula 3 Italiana em 1979 e o Campeonato Europeu de F3 em 1980, Michele Alboreto demonstrou versatilidade ao disputar o Mundial de Protótipos com a Lancia. Junto do seu compatriota Riccardo Patrese, conquista sua primeira vitória nas 6 horas de Watkins Glen de 1981. No seu último ano com carros de "Endurance", na temporada de 1982, vence as 6 horas de Silverstone, com Patrese, os 1000 km de Nürburgring (com Teo Fabi e novamente Patrese) e os 1000 km de Mugello (em dupla com Piercarlo Ghinzani).


Lancia Monte Carlo nas 6 Horas de Watkins Glen de 1981

Testes com a Tyrrell e vitória com a Minardi na F2

Com o apoio da Ceramica Imola, Alboreto é convidado para um teste com a equipa Tyrrell, em 1981. Completou algumas voltas e logo foi contratado para substituir o Argentino Ricardo Zunino no Grande Prémio de San Marino. Foram dez corridas e um 9º lugar no Grande Prémio da Holanda, em Zandvoort, como melhor resultado. Naquele mesmo ano, conquista a única vitória da história da Minardi em uma prova de Fórmula 2.


Misano, 1981

A passagem pela Tyrrell (1981-1983)

O estilo do italiano agradou Ken Tyrrell e Alboreto permanece na equipa em 1982. A primeira vitória foi conquistada nesta conturbada temporada, marcada pelos acidentes fatais de Gilles Villeneuve e Riccardo Paletti. Revelação daquele mundial, Michele, com 25 anos na ocasião, venceu o difícil Grande Prémio de Las Vegas. A corrida foi muito disputada entre ele e o norte-irlandês John Watson da McLaren, que lutava pelo título com o finlandês Keke Rosberg da Williams. As cores azul e amarela do seu capacete, homenagem ao seu grande herói Ronnie Peterson, passaram a ser conhecidas por todos na F1.


Las Vegas, 1982

Perseguição

Alboreto passou a ser sondado pelas grandes equipas da Fórmula 1, mas não podia se desenvencilhar do contrato com a Tyrrell. Enzo Ferrari, que procurava um substituto para Gilles Villeneuve, convidou o piloto, mas Ken Tyrrell exigiu um motor turbo da Ferrari em troca da libertação do piloto. "Os italianos criticavam-me por não assinar com Alboreto para o próximo ano, mas o que muitos não sabem é que o convidei a meio desta temporada. Alboreto optou por não rescindir o seu contrato com a Tyrrell. Em resposta, mandou-me uma carta muito educada, que mostrou o seu grande carácter. Quando Alboreto estiver livre de qualquer tipo de contrato, haverá um Ferrari à sua disposição", declarou,na época, o velho comendador.


Detroit, 1983
A sua segunda vitória na Fórmula 1 aconteceu em Detroit, em 1983. O brasileiro da Brabham, Nelson Piquet, liderava a corrida e conseguia abrir facilmente do Tyrrell de Alboreto. Faltando 9 voltas para o fim, Piquet teve um pneu furado e foi obrigado a fazer um pit-stop. O italiano assumiu a liderança e administrou a sua vantagem para o finlandês Keke Rosberg, da Williams, estabelecendo a última vitória do clássico motor Cosworth DFV de oito cilindros na F1. Foi uma corrida em que, do 1º ao 6º, apenas o 4º colocado era Turbo. Acabou sendo também a última vitória da equipa do "Tio Ken" na categoria.

Alboreto na Ferrari (1984-1988)

Após 11 anos sem um piloto da "casa" (a última foi em 1973 com Arturo Merzario), Enzo Ferrari contrata Michele Alboreto para conduzir o carro vermelho número 27 para a temporada de 1984. Pilotar para a equipa de Maranello era o seu grande sonho e a primeira vitória com a máquina acontece no Grande Prémio da Bélgica, em Zolder. No ano de estreia, Alboreto termina a temporada em 4º lugar com 30,5 pontos; ainda fez uma pole e uma volta mais rápida, passando a ser muito popular na Itália.


Zolder, 1984
Em 1985, é o primeiro piloto e é um forte candidato ao título, graças ao modelo 156/85. Venceu no Canadá e na Alemanha e poderia ter ganho três grande Prémios se não fosse um furo no pneu traseiro esquerdo no Mónaco; teve quatro 2º e dois 3º lugares, três voltas mais rápidas e por cinco provas seguidas (da canadense à alemã) liderou o Mundial, mas na Áustria perdeu-a para o francês Alain Prost da McLaren, o vencedor da prova, com o italiano a terminar em 3º lugar,  marcando mais três pontos com o 4º na Holanda. Com 3 pontos de desvantagem, foi para o Grande Prémio da Itália confiante que poderia recuperar o topo da tabela, tanto que os tifosi lotaram as arquibancadas do autódromo de Monza acreditando na vitória da máquina e do piloto que não acontecia desde 1966 com Ludovico Scarfiotti. Porém o sonho dos fanáticos torcedores durou 45 voltas, porque o motor do carro do piloto milanês quebrou. No Grande Prémio da Bélgica, em Spa-Francorchamps, abandonou prematuramente na 3ª volta com problemas de embraiagem. Com duas provas sem pontuar, a diferença aumentava para 16 pontos. Na antepenúltima etapa, o Grande Prémio da Europa, em Brands Hatch, na Inglaterra, sua actuação durou apenas 13 voltas quando começou a pegar fogo na parte traseira do aerofólio com a quebra do turbo. Desolado, foi para o fundo do boxe sentindo a perda de mais uma corrida e assistiu de lá, Prost terminando em 4º lugar e facturando a taça. Nas últimas duas provas do campeonato, Alboreto também nem terminou. Na classificação final foi vice-campeão com 53 pontos. Terminava a sua melhor chance de alcançar o tão sonhado título.

Monza, 1984
Em 1986, o carro não conseguiu acompanhar o ritmo do McLaren TAG-Porsche de Prost, do Lotus-Renault de Senna e dos Williams-Honda, que mostrou grande evolução na temporada anterior com Mansell e agora com Piquet. Alboreto obteve apenas um podium com o 2º lugar no GP da Áustria. O 9º lugar no campeonato com apenas 14 pontos foi tudo que conseguiu.

Para 1987, ganha um novo companheiro de equipa: o austríaco Gerhard Berger. Com ele, o piloto italiano é constantemente batido pelo seu novo colega tanto em treinos como em corridas. Alboreto também não vence nenhuma corrida assim como no ano anterior e o máximo que consegue é o 2º na Austrália e dois 3º lugares: San Marino e Mónaco. Novamente os carros do cavalinho rampante é batido pelos carros do senhor Frank Williams. Classifica-se em 7º no campeonato com 17 pontos.


San Marino, 1987
No campeonato de 1988, um ano todo dominado pelos McLaren-Honda, Alboreto pouco pôde fazer. Obtém três pódiuns, sendo dois terceiro em: Mónaco e na França, mas quando aparece a melhor oportunidade para vencer, quem lá estava era seu colega, Berger, que ganha um GP de Itália emocional, quase um mês depois da morte do Comendatore. O 2º lugar (último podium na equipa) e a dobradinha na corrida foi o que sobrou para o milanês. Termina o campeonato com 24 pontos: três pódiuns e uma volta mais rápida, dando-lhe o 5º lugar na última temporada na equipa de Maranello.

Sondagem pela Williams, volta à Tyrrell e Larrousse

Foi sondado pela Williams, mas as negociações não progrediram e o piloto italiano voltou para a Tyrrell em 1989. Apesar dos problemas, conseguiu o 5º lugar no Mónaco e o 3º no México (último podium na carreira). Fazia grande apresentação nos Estados Unidos e foi obrigado a abandonar a corrida com problemas na transmissão. Alboreto saiu no meio da temporada com problemas envolvendo a equipa e o seu patrocinador. Antes do Grande Prémio da França, Ken Tyrrell aceitou o patrocínio da Camel. "Não gosto de quebrar contratos e pedi para a Tyrrell conversar com a Marlboro. Mas Ken disse que o problema era meu." - revelou Alboreto, que aceita o convite da Larrousse-Lamborghini para disputar a pré-classificação no final do ano.


Lola LC89 - Lamborghini, 1989


1990-1994: o desgaste na Footwork, fracassos na Scuderia Italia e volta à Minardi

Em um desporto marcado pelas repentinas mudanças de rumo, o piloto esperava reviver a melhor fase de sua carreira, em 1990, na Footwork Arrows. A equipa desenvolve uma parceria com a Porsche para a temporada seguinte, mas o conjunto era desastroso. Depois de três temporadas de poucos resultados, o piloto acerta com a Scuderia Italia. A equipa italiana usava motores Ferrari e chassis Lola, mas depois de 1993, uniu forças com a Minardi. Assim, Alboreto disputou a sua última temporada na Fórmula 1 pela equipa de Faenza e marcou o último ponto no Grande Prémio do Mónaco de 1994, saindo aos 37 anos de idade.


Mónaco, 1994

DTM e Le Mans

No ano seguinte (1995), Michele disputou a DTM com um Alfa Romeo 155 V6, porém não obteve sucesso na categoria alemã. Naquele mesmo ano, correu na IRL e retomou a sua carreira nas provas de Endurance. Depois de poucos resultados positivos, Alboreto vence a tradicional 24 horas de Le Mans de 1997 e revive os seus dias de glória no automobilismo. O piloto italiano dividiu o TWR-Porsche da equipa Joest Racing, com o sueco Stefan Johansson (seu ex-companheiro de equipa na Ferrari), e o dinamarquês Tom Kristensen.


Le Mans, 1997

A vitória em Le Mans abre novos caminhos para Alboreto. A partir de 1998, ele disputa a "ALMS" (American Le Mans Series) pela TWR-Porsche. Em 1999, Alboreto torna-se peça importante no desenvolvimento da Audi. O último triunfo do piloto acontece nas 12 Horas de Sebring de 2001 com o italiano Rinaldo Capello e o francês Laurent Aïello, com o Audi R8.


Sebring, 2001
Morte trágica

Quando tudo indicava mais uma vitória em Le Mans, o mundo é pego de surpresa com uma triste notícia. Em 25 de abril de 2001, Alboreto morre após sofrer um acidente testando o novo Audi R8, que seria usado na tradicional prova francesa. O acidente aconteceu no momento em que o protótipo cruzava a reta do circuito alemão de Lausitzring, na Alemanha, a 300 km/h. O carro levantou voo e capotou por várias vezes até bater no guard-rail. Segundo a investigação, o acidente aconteceu por um rasgo no pneu, provocado por um objecto cortante. Terminava assim a carreira de um piloto que trabalhou duro para superar tantas adversidades.




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